quarta-feira, 12 de maio de 2010

Família Isidro Nóbrega/Oliveira Lima & CIAS


Ó Pai
Não deixes que façam de mim
O que da pedra tu fizestes
E que a fria luz da razão
Não cale o azul da aura que me vestes
Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim uma nobre domadora
Laçando acordes e versos
Dispersos no tempo
Pro templo do amor
Que se eu tiver que ficar nua
Hei de envolver-me em pura poesia
E dela farei minha casa, minha asa
Loucura de cada dia
Dá-me o silêncio da noite
Pra ouvir o sapo namorando a lua
Dá-me direito ao açoite
Ao ócio, ao cio
À vadiagem pela rua
Deixa-me perder a hora
Pra ter tempo de encontrar a rima
Ver o mundo de dentro pra fora
E a beleza que aflora de baixo pra cima
Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeita
De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho
Me reinventar
Viver menina, morrer poetisa.

2 comentários:

  1. Que coisa linda! Da pedra à juventude reencontrada, passando pelo amor platônico de um sapo.

    Achei lindo o teu poema. Viva poetisa. Viva!

    Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com que lhe convida.

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  2. E todos deveriam ser assim não? Ter essa liberdade de escolha, de ser mais jovem todo dia. rsrs...

    Legal.

    Direto do Rio.
    Beijos.

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