domingo, 2 de maio de 2010

EU SOU ALAN



As flores seguem em seus mistérios: Vestem meu olhar numa ciranda matinal, formando um arco íris por onde posso flutuar. As cores que não posso perceber, se desdobram em um cândido perfume, que permitem que eu sinta dentro mim, flores.

Sou Alan, simples, calmo, amigo e adoro conversar. Só que sou muito sozinho. Sorrio muito e bem alto, mas sou super mal-humorado na maioria das vezes. Sou ancioso demais, mas também sou corajoso. Amo meus amigos e a eles digo tudo na lata. Eles sabem que sou fraco, mas que sou bastante forte. Curto a natureza e nada é melhor que andar descalço numa grama. Nada é melhor que olhar o céu de noite e procurar as constelações; escorpião e o cruzeiro do sul. Assisto televisão demais e ela não me deixa ver o céu estrelado. Espeto meu pé num galho de jurema e falo palavrão. Mas me calo ao ver uma jurema florida. Como demais, tenho dor de barriga de tanto comer e sou magro. Ainda tomo suplemento alimentar. Adoro comer manga e me lambuzar, mas sou certinho demais para fazer isso. Sinto saudades de manhãs distantes de uma féria perdida. Onde se tomava café de leite com pão assado ouvindo violeiros do Seridó. Minto quando é preciso (e quando não é também) e consigo ser sempre verdadeiro. A omissão é minha melhor arma. Algumas pessoas me adoram e sabem como sou. Algumas me detestam e não sabem como sou. Amo meus irmãos e quero mostrar o futuro a eles, embora ache que meu futuro esteja bem longe daqui. Sinto o cheiro da Caatinga em dias quentes de verão e penso que meu futuro é aqui. Gosto de ler, mas tenho muita preguiça. Às vezes não tenho ânimo nenhum para estudar. Mas me esforço muito e estudo ao meu modo. Sou bastante negativo, mas a esperança esta presente em minha vida. Detesto intrigas e fofocas, mas elas me perseguem. Tenho grandes amores que estão bem longe de mim. Grandes ódios que convivem comigo. Quero andar um dia de bicicleta com meus afilhados e mostrar a eles uma Ebiratã e quem sabe as plêiades na noite nordestina. Quero ser feliz, mas tenho medo de no fim não dá certo. Aí me lembro que se não deu certo é porque ainda não é o fim. Sou covarde e tenho medo da morte, mas tenho um grande desejo de encontrá-la. Tenho lembrança de coisas que não me aconteceram e esqueci de coisas que já vivi. Falta-me dinheiro e mesmo assim gasto compulsivamente. Pago todas as minhas contas em dia. Ajudo a quem precisa, mas tenho que acreditar quem realmente precisa. Falta-me um romance, mas insisto em ter meu coração vazio. Escuto os mais velhos, mas nem sempre sigo seus conselhos... A se eu pudesse contar... Sou falso, mas preciso viver. Meus pais alguma vez me disseram que me amavam. E eu me esqueci de tudo isso. Sou critico e criticado. Sou inseguro, mas sei o que quero, só preciso ouvi uma opinião. Vi o sofrimento de perto e não entendi porque sofria tanto. Vejo o sofrimento de longe e não sei porque sofri tanto. Já fiz coisas erradas e me arrependo até hoje. Faço fotografias e elas são belíssimas, embora eu seja tão feio. Minha avó me diz que sou lindo, mas ela é quem é. Tenho saudades de meus amigos que se foram e dos que ainda estão comigo. Tenho certeza que nasci, falta-me crescer. Tenho um grande amigo que é o bicho! Tenho um bicho que é meu grande amigo!
Quero de volta a minha infância, mas já sou adulto... Quero o balanço da rede de minha mãe em dia que a chuva toca o telhado... Quero os lambedores de minha avó que já se foi... Quero passear de caminhonete com meu pai... Quero sofre um tombo na rua e ter que limpe as feridas... Quero que alguém diga que me ama, para que eu possa dizer: Eu também. Talvez eu nunca tenha mostrado meus sentimentos a quem merecia... E você me mostrou os seus sentimentos? Não me peça para eu ser o que eu não sou. Não te pedirei para gostar de mim. Mas por favor, me entendam...

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